Dia normal

São 6h da matina,
o sol ainda não espreita,
o dia mal começou.
Entro no carro, acendo um cigarro,
preparo-me para andar.
É mais um dia que começa sem saber como vai acabar.


É mais um dia que começa,
mais um dia de servidão.
Ai quem me dera, a mim, ser patrão.

Cheguei ao trabalho
preparo a cabeça,
demoro no cafezito e o boss pergunta:
"Então mas hoje não se começa?"
Ai a minha vida, nunca mais saio,
nunca mais é hora de receber ordem de ida.
De ida para casa onde o descanço me espera e o sofá desespera.

Onde isto vai

Meu filho.
Se só agora nasceste,
Não penses que foi sempre assim
Houve tempos em que muitos encheram a pança
Sem perceber que isso teria um fim.
No tempo das vacas gordas,
Aí é que foi uma alegria
Era só encher os bolsos
Sem trabalhar um único dia.

Onde é que isto vai parar,
Onde é que nós vamos ter
Se esta porra não melhora
Como é que a malta vai comer

Agora meu menino, a malta anda toda à rasca
Enterrada até ao pescoço.
Os senhores do governo levam-nos a pele e a carne só nos deixam o osso.
Osso duro de roer, para o pobre portuga que
Trabalha de manha à noite, sempre sem descansar
E o pior de tudo é que isto, não deve estar para acabar.